As vezes, ser bom demais esconde um cansaço antigo.
Tem gente que cresceu ouvindo que o amor precisava ser merecido.
Gente que aprendeu cedo que cuidar do outro era mais importante do que se escutar.
Que ser útil era um jeito de garantir afeto.
E que desejo próprio, esse... podia parecer egoísmo.
Na vida adulta, o corpo cobra.
A mente cobra.
A relação com o outro vira um campo de alerta, onde cada gesto é avaliado: "Será que fui suficiente?"
E tem uma hora em que esse esforço começa a pesar.
A vida segue funcionando — mas por dentro, algo se desconecta.
A espontaneidade vira silêncio.
A alegria dá lugar à obrigação.
Aos poucos, começa a emergir uma pergunta que já não dá pra ignorar:
E se cuidar de mim não for egoísmo?
E se for, na verdade, um jeito de voltar pra casa?