Cada olhar lançado sobre a realidade carrega, na bagagem, uma história única: nossas vivências, emoções, traumas, valores, expectativas e crenças formam o filtro por meio do qual interpretamos tudo ao nosso redor. Duas pessoas podem vivenciar a mesma situação, mas enxergá-la de maneiras completamente diferentes — e isso não é por acaso. A diferença está nas lentes que cada uma usa para enxergar a vida.
Por isso, o autoconhecimento é uma ferramenta tão poderosa. Quando passamos a entender melhor quem somos, o que nos move, o que nos fere e o que esperamos da vida, começamos a ter mais clareza sobre o que realmente está acontecendo ao nosso redor. É como limpar os vidros de uma janela: o mundo do lado de fora pode ser o mesmo, mas a forma como o vemos muda completamente.
Nem sempre - digo: nem sempre é o mundo que precisa mudar.
Às vezes, somos nós que precisamos fazer pequenos (ou grandes) ajustes internos. É como regular o foco de uma câmera: os contornos do mundo continuam ali, mas o que aparece em destaque depende de onde colocamos nossa atenção.
Isso não significa aceitar passivamente o que nos faz mal, mas sim reconhecer que há situações nas quais a mudança mais eficaz começa dentro de nós. Em outras palavras: se não for possível mudar as coisas, talvez seja possível mudar a forma de vê-las.
E, surpreendentemente, isso já pode ser o suficiente para transformar tudo.
Ronald Batista
Psicólogo Clínico
CRP 13/10759