Entendendo o luto: considerações iniciais
O luto é um sofrimento pela perda de algo ou alguém que dá sentido à vida, como a morte, um emprego ou relacionamento. A terapia psicológica pode ajudar a ressignificar a dor, sem julgamentos.

O luto é um tema comum na psicologia, e este artigo busca oferecer uma compreensão existencial sobre ele. Freitas (2018) define o luto como "uma vivência que tem início na abrupta supressão do outro enquanto corporeidade, rompendo os sentidos habituais do mundo-vida". Essa supressão não se limita apenas à morte. Três situações clássicas exemplificam a experiência do luto: a morte de uma pessoa querida, o fim de um relacionamento e a perda de um emprego.
Podemos falar o luto em diferentes contextos. Quando morre uma pessoa querida, talvez vivenciamos a forma mais clássica de luto. A ausência de alguém com um profundo significado em nossa vida, seja por laço de sangue ou afeto, deixa um vazio inegável, real, com o qual a razão não consegue lidar. No fim de um relacionamento, o término de uma relação, mesmo sem a morte física, rompe os sentidos que sustentavam a vida de um casal. As expectativas e sonhos compartilhados dão significado à vida de uma pessoa na vida da outra, e o rompimento desestabiliza esse sentido. Já quando perdemos ou saímos de um trabalho, também podemos viver um luto, porque, muitas vezes criamos uma forte identidade com o que fazemos. Por exemplo, quando alguém nos pergunta "o que você faz da vida?", nossa identidade parece se conectar à nossa profissão:" sou motorista" ou "sou médica". Perder o emprego fragiliza o sentido da nossa vida, rompendo expectativas de sucesso e o senso de pertencimento.
Por fim, é importante considerar que, independente do modo com que vamos considerar o luto, há, efetivamente, a desestabilização dos sentidos de nossas vidas. E, aqui, um processo de terapia ajuda a construir e configurar um espaço acolhedor que auxilie a pessoa que busca por atendimento em construir narrativas sobre suas dores e sofrimentos.
Referência
FREITAS, J. L. Luto, pathos e clínica: uma leitura fenomenológica. Psicologia USP, São Paulo, v. 29, n. 1, p. 50-57, 2018. DOI: 10.1590/0103-656420160151. Acesso em: 23 set. 2025.
