Por que é tão difícil colocar limites nas relações?

Desde muito cedo, aprendemos que ser aceitos é uma questão de sobrevivência. Ainda bebês, precisamos da atenção, do carinho e dos cuidados dos nossos responsáveis. E, para garantir esse afeto e cuidado, acabamos desenvolvendo uma espécie de "radar" para entender o que o outro espera de nós, e nos comportamos de acordo com isso.

Crescendo, essa busca por aceitação se amplia. Na escola, nos grupos de amigos, nos relacionamentos... adaptamos nosso jeito de agir para sermos incluídos, convidados, amados. Faz parte do nosso desenvolvimento social aprender a se encaixar. O problema é que, nesse processo, muitas vezes não aprendemos a olhar para dentro: o que eu quero? O que é importante pra mim? Onde estão os meus limites?

A verdade é que ninguém nos ensina a reconhecer os nossos próprios limites, muito menos a comunicá-los. E, por isso, a medida que crescemos, é comum nos vermos em relações onde nos sentimos sufocados, sobrecarregados, tristes ou até mesmo desrespeitados, mas sem conseguir identificar como isso aconteceu e muito menos, como mudar isso. Vamos engolindo sapos, guardando mágoas, ruminando conversas que nunca tivemos... e o sofrimento emocional vai se acumulando.

Na terapia, é possível trabalhar exatamente esse ponto: identificar quais limites estão sendo violados nas suas relações, entender por que é tão difícil colocá-los e aprender como se posicionar de forma mais clara e segura. Isso não significa ser agressivo ou cortar laços, mas sim se comunicar com respeito, clareza e maturidade, buscando relações mais saudáveis, equilibradas e verdadeiras.

Colocar limites não afasta as pessoas certas. Pelo contrário: ajuda a construir vínculos mais respeitosos, onde você também tem espaço para existir com suas necessidades e sentimentos.

Se você sente que está sempre se anulando nas relações ou vive em função do que o outro espera, talvez seja a hora de olhar para isso com mais cuidado e, se quiser, a terapia pode ser um bom ponto de partida.