A culpa de não dar conta de tudo: o que ela revela sobre nós?
Você também sente culpa por não dar conta de tudo? Talvez ela diga menos sobre você e mais sobre o mundo que te ensinou a se cobrar tanto.

Vivemos cercadas por discursos que nos dizem que é possível dar conta de tudo: ser boas profissionais, cuidar da casa, manter vínculos, cuidar do corpo e ainda ter tempo para o autocuidado. Quando não conseguimos sustentar esse ideal, a culpa aparece, silenciosa, mas presente. Ela sussurra que estamos falhando, que deveríamos ser mais fortes, mais organizadas, mais capazes.
Mas a culpa, muitas vezes, fala mais sobre o mundo em que vivemos do que sobre quem somos. Ela nasce em um cenário que confunde valor com desempenho e afeto com eficiência. Somos ensinadas a medir o próprio merecimento pela produtividade e esquecemos que somos humanas, não máquinas.
Quando nos sentimos culpadas por parar, descansar ou simplesmente não conseguir fazer tudo, estamos, sem perceber, tentando atender a um padrão impossível. Um padrão que não foi criado por nós, mas que aprendemos a carregar como se fosse natural.
Talvez o primeiro passo não seja eliminar a culpa, mas escutá-la. O que ela quer dizer sobre as expectativas que te acompanham? O que ela te faz tentar provar? Às vezes, a culpa aponta justamente para o lugar em que mais precisamos de acolhimento, não de cobrança.
Permitir-se não dar conta de tudo é um gesto de coragem. É reconhecer que o cuidado com a vida também passa por cuidar de si, com gentileza, no ritmo que é possível.
