Como a Atenção Plena Impulsiona a Terapia Comportamental Dialética (DBT)
A Atenção Plena é o alicerce da Terapia Comportamental Dialética (DBT). Ela capacita a pessoa a observar emoções sem julgar, aumentando a tolerância ao sofrimento, regulando a intensidade emocional.

A Terapia Comportamental Dialética (DBT), desenvolvida por Marsha Linehan, é mundialmente reconhecida por sua eficácia no tratamento de condições complexas, como o Transtorno da Personalidade Borderline (TPB). Mas o que realmente a torna uma ferramenta de mudança tão poderosa? A resposta reside, em grande parte, em um conceito fundamental: a Atenção Plena (Mindfulness).
A atenção plena não é apenas uma técnica de relaxamento na DBT; ela é o alicerce sobre o qual todas as outras habilidades são construídas. É a porta de entrada para uma vida mais equilibrada e menos reativa.
Por Que a Atenção Plena é Crucial na DBT?
A DBT trabalha intensamente para ajudar os indivíduos a regularem emoções intensas e a lidarem com crises de forma mais adaptativa. No entanto, sem a atenção plena, é quase impossível aplicar as outras habilidades de forma eficaz.
1. Tolerância ao Sofrimento: Suportando a Onda
Muitas vezes, a impulsividade e as ações destrutivas (como automutilação ou abuso de substâncias) surgem da incapacidade de tolerar o sofrimento emocional no momento em que ele ocorre.
A Contribuição do Mindfulness: As habilidades de atenção plena ensinam o indivíduo a observar a emoção (a "onda") sem ser levado por ela. Isso cria um espaço — um intervalo de tempo — entre o estímulo emocional e a resposta, permitindo que a pessoa escolha uma resposta habilidosa em vez de reagir automaticamente.
2. Regulação Emocional: Entendendo o Início
A desregulação emocional envolve não apenas sentir intensamente, mas também não conseguir identificar as emoções ou o que as desencadeou.
A Contribuição do Mindfulness: A atenção plena é a habilidade de "o quê" e "como" na DBT. Ela ensina a observar e descrever as emoções, pensamentos e sensações corporais sem julgamento. Ao rotular uma emoção ("Estou sentindo raiva e meu peito está apertado"), você a torna menos assustadora e mais gerenciável.
3. Efetividade Interpessoal: O Poder de Estar Presente
As dificuldades de relacionamento na TPB são frequentemente causadas por comunicação reativa ou pela incapacidade de se concentrar nas necessidades do outro.
A Contribuição do Mindfulness: Estar presente ("mente de uma via") e focado na comunicação aumenta a efetividade das interações sociais. Quando você está plenamente presente, você ouve melhor, se expressa com mais clareza e tem mais chances de ter suas necessidades atendidas.
A Atenção Plena na DBT não é sobre alcançar um estado de vazio mental, mas sim sobre conscientizar-se intencionalmente do momento presente, sem julgamento. É a prática diária de:
Parar: Reconhecer que está ocorrendo uma emoção ou impulso forte.
Observar: Descrever internamente (ou em voz baixa) o que está sentindo e onde (no corpo).
Escolher: Usar essa nova consciência para acionar uma habilidade de enfrentamento (como uma técnica de Distração ou Autoapaziguamento) em vez de um comportamento destrutivo.
A Atenção Plena é a bússola que orienta o indivíduo em DBT, permitindo que ele navegue pelas tempestades emocionais com maior sabedoria e, o mais importante, eficácia. É a prática que, com o tempo, transforma a maneira como o cliente se relaciona consigo mesmo e com o mundo.
Referências:
Linehan, M. M. (1993a). Cognitive-behavioral treatment of borderline personality disorder. New York: Guilford Press.
Linehan, M. M. (1993b). Skills training manual for treating borderline personality disorder. New York: Guilford Press.
Linehan, M. M. (2015). DBT skills training manual: Second edition. New York: Guilford Press.
