Minha filha rói as unhas, arranca as pelinhas da boca, tem tiques nervosos: será que os sintomas vão sumir com o tempo?
Muitos pais acreditam que certas dificuldades emocionais desaparecem com o tempo. Na prática clínica, observamos que esses conteúdos tendem a permanecer, apenas mudando a forma como eles aparecem.

A criança cresce, se desenvolve, muda os comportamentos... e os sintomas que ela carrega também.
Muitos pais acreditam que certas dificuldades emocionais desaparecem com o tempo. Na verdade, na prática clínica, observamos que esses conteúdos tendem a permanecer, apenas mudando a forma como eles aparecem.
Aquilo que não encontra espaço de expressão na infância não se dissolve. Pelo contrário: pode se transformar em sintomas mais complexos ao longo do desenvolvimento.
Do ponto de vista do desenvolvimento infantil, sabemos que cada fase exige novas aquisições emocionais e cognitivas. Quando a criança não dispõe de recursos internos ou de suporte relacional suficiente para elaborar suas experiências, ela pode ter comprometidas tarefas evolutivas importantes, como a construção da autoconfiança, da regulação emocional ou da capacidade de estabelecer vínculos saudáveis. Essa defasagem não some espontaneamente: ela acompanha o crescimento, podendo se intensificar em momentos de maior exigência, como na adolescência ou vida adulta.
Na adolescência, dores não acolhidas podem se manifestar em isolamento social, desconfiança nas relações ou explosões emocionais. Em alguns casos, podem aparecer sintomas psicossomáticos, como gastrite ou alergias sem causa aparente.
Na vida adulta, essas mesmas experiências podem aparecer como dificuldades de autoestima, ansiedade recorrente ou padrões de relacionamento disfuncionais. O passado não elaborado continua presente na vida emocional.
Por isso a intervenção precoce é fundamental: cuidar da saúde emocional na infância é uma forma de prevenir sofrimentos mais graves no futuro!
