Trauma Psicológico e Estresse Pós-Traumático: Bases Conceituais e Diagnósticas Segundo o DSM-5 e o CID-11
O trauma psicológico é um fenômeno complexo, decorrente da exposição a eventos que ameaçam a integridade física ou emocional e excedem a capacidade do indivíduo de processar e integrar a experiência.

Introdução
O trauma psicológico é um fenômeno complexo, decorrente da exposição a eventos que ameaçam a integridade física ou emocional e excedem a capacidade do indivíduo de processar e integrar a experiência. Quando as respostas emocionais, comportamentais e fisiológicas persistem e geram prejuízos significativos, pode desenvolver-se o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Tanto o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) quanto o CID-11 (Classificação Internacional de Doenças) oferecem critérios diagnósticos que orientam a prática clínica e auxiliam na compreensão das manifestações traumáticas.
A psicologia compreende o trauma como:
Uma ruptura na sensação de segurança interna e externa, gerando hipervigilância, medo persistente ou entorpecimento emocional.
Uma falha na integração da experiência, na memória e no processamento cognitivo.
Um impacto biopsicossocial, afetando emoções, comportamentos, relações interpessoais e funcionamento cotidiano.
O trauma psicológico é compreendido como uma experiência que excede a capacidade de processamento emocional do indivíduo, rompendo a sensação de segurança e afetando o funcionamento cognitivo, fisiológico e relacional. Segundo o DSM-5 e o CID-11, o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) surge após exposição a situações que envolvem ameaça extrema, violência ou risco de morte. O DSM-5 descreve quatro grupos sintomáticos centrais: intrusões (como memórias invasivas e flashbacks), evitação persistente, alterações negativas em cognições e humor, e hiperexcitabilidade. Já o CID-11 sintetiza o quadro em três eixos principais: re-experiência vívida do trauma, evitação e estado persistente de ameaça, além de incluir o TEPT Complexo, caracterizado por desregulação emocional intensa e dificuldades relacionais profundas. Em ambos os modelos, o sofrimento clínico e o prejuízo funcional são critérios essenciais.
O tratamento psicológico do trauma é o ponto central do cuidado e envolve princípios de segurança, estabilização emocional, integração da memória traumática e reconstrução de significados. A intervenção mais recomendada internacionalmente é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) focada no trauma, que utiliza exposição gradual, reestruturação cognitiva e técnicas de manejo emocional para reduzir sintomas e enfraquecer associações traumáticas.
Além das técnicas específicas, a relação terapêutica funciona como fator essencial de reparação, oferecendo um espaço seguro, validante e estruturado. O tratamento é sempre individualizado, respeitando o ritmo do paciente e evitando retraumatização. Ao longo do processo terapêutico, o objetivo não é apagar o trauma, mas integrar a experiência à narrativa pessoal, ampliar recursos internos, restaurar a sensação de controle e favorecer o crescimento pós-traumático. Com intervenções adequadas e fundamentadas em evidências, a psicoterapia possibilita que o indivíduo reconstrua sua segurança interna e retome sua vida com maior equilíbrio e autonomia.
Referências:
American Psychiatric Association. (2014). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed.
World Health Organization. (2022). International Classification of Diseases 11th Revision (ICD-11): Mental, Behavioural and Neurodevelopmental Disorders. Geneva: WHO.
