Por que tomar uma decisão é tão angustiante?

Falar sobre liberdade de escolha é tocar em uma das experiências mais humanas que existem. Escolher é afirmar a própria existência. É reconhecer que, diante de tantas possibilidades, nenhuma decisão vem sem perda, sem incerteza ou sem implicação. A liberdade, embora desejada, carrega também um peso: o de ser responsável pelo que se faz e, muitas vezes, pelo que se deixa de fazer.

A escolha é o ponto em que o sujeito se encontra consigo mesmo. Não há como escolher sem se confrontar com quem se é, com o que se deseja, com o que se teme e com o que se evita. Por isso, a liberdade de escolha não é uma ausência de limites, mas a capacidade de decidir mesmo diante deles. É uma liberdade situada, atravessada por valores, vínculos e contextos, mas ainda assim livre porque consciente.

O que torna escolher tão angustiante é justamente o fato de que toda escolha implica renúncia. Ao dizer sim a algo, inevitavelmente se diz não a outras possibilidades. E esse “não” desperta uma sensação de perda, como se deixássemos de viver outras vidas possíveis. Além disso, a incerteza do futuro pesa: não há garantias de que a escolha feita trará o resultado esperado. A liberdade, portanto, traz consigo o desconforto da imprevisibilidade.

Também há um aspecto existencial mais profundo: escolher é assumir a autoria da própria história. E isso exige coragem. É mais fácil quando alguém ou algo decide por nós, quando seguimos um caminho pronto, sem precisar lidar com a dúvida ou o erro. Mas viver de forma autêntica pede justamente o contrário, pede presença, reflexão e responsabilidade.

A liberdade de escolha não é uma libertação de tudo, mas uma abertura para viver de forma mais consciente. É o exercício de estar inteiro nas próprias decisões, reconhecendo que ser livre não é fazer o que se quer, mas sustentar o que se escolhe.