A pressa de viver (e o cansaço de não conseguir acompanhar)
Refletindo sobre a ansiedade de um tempo que parece não caber em nós.

Parece que o tempo tem passado rápido demais, não é? Mal começa a semana e já é sexta-feira outra vez. Vivemos tentando dar conta de tudo — do trabalho, da casa, das relações, de nós mesmos — e, ainda assim, há uma sensação incômoda de estar sempre atrasado, sempre devendo algo a alguém… ou à própria vida.
O problema é que, nessa corrida, esquecemos que o tempo também precisa de pausa. Que a vida não acontece só nos grandes feitos, mas nos intervalos entre eles.
A filósofa Byung-Chul Han diz que vivemos na “sociedade do cansaço”, em que o desempenho virou um ideal e o descanso, quase um pecado. “Hoje a pessoa explora a si mesma achando que está se realizando; é a lógica traiçoeira do neoliberalismo que culmina na síndrome de burnout”. E talvez por isso a ansiedade tenha se tornado tão comum, já que estamos tentando caber em um ritmo que não é humano.
Em meio à pressa e às exigências de um mundo que nos ensina a produzir sem parar, é fácil esquecer do que realmente nos sustenta: as relações que nos cercam. Cuidar dos laços, estar presente de verdade, dedicar tempo e presença às pessoas que nos preenchem — isso também é uma forma de saúde. É o que nos lembra que pertencemos, que há vida para além das metas e das conquistas externas. O amor, o afeto e a troca genuína são o que dá sentido ao que fazemos. Pausar para cuidar das emoções, dos vínculos e do descanso não é um luxo, é um cuidado diário — tão essencial quanto qualquer obrigação. Porque é nesse espaço de encontro que a vida realmente acontece.
A terapia pode ser um espaço para desacelerar, olhar com mais gentileza para o próprio tempo interno e reconstruir um modo de viver que faça sentido, no seu ritmo e do seu jeito.
Se você tem sentido essa pressa constante, esse peso de estar sempre correndo e nunca chegando… talvez seja hora de respirar. E começar, com calma, a se reencontrar.
